Criaturas Estranhas – Reagindo ao livro de LORE, o podcast de terror!

Para alguém impressionada como eu, qualquer coisa sobrenatural já é motivo para escorrer suor pela espinha. Desde que me lembro, sempre tive muito medo de histórias de fantasmas, demônios, feitiçarias e, ao mesmo tempo, nutria um profundo fascínio – eu queria saber, mas não queria também. Com a idade nossos medos mudam um pouco, como comentei aqui, e a curiosidade venceu essa guerra. LORE é, originalmente, um podcast criado em 2015 por Aaron Mahnke no qual ele conta alguma história de terror, folclore e tenta desmentir os eventos paranormais do mundo – ou não.

Eu conheci LORE pela vinheta da Prime Video, que desenvolveu duas temporadas da série baseada no podcast e, sem querer, peguei emprestado um livro de Mahnke que, também, é filho do podcast. Ou seja, LORE me escolheu para consumir seu conteúdo e eu resolvi aceitar esse convite – sem muita opção, minha curiosidade uma vez atiçada, não tem mais volta.

LORE, que significa crença, são histórias sobrenaturais, mitos ou folclores que Mahnke foi a fundo investigar e entender a raiz daquilo. Para os mais medrosos pode ser um alívio ou uma derrocada final no abismo do medo: algumas coisas que aconteceram são facilmente desmentidas, mas outras permanecem até hoje sem explicação – ou seja, forças malignas. As histórias são as mais variadas ocorridas numa ampla faixa de tempo, predominantemente entre os séculos XVII e XIX. A gente aprende muito sobre as sociedades passadas, em especial a europeia e americana (já que a maioria dos mitos da série e do livro vem de lá), e entendemos como histórias sobrenaturais são instrumentos de opressão social e importadas dos movimentos migratórios.

O mais legal de toda essa experiência com Mahnke foi conhecer a origem das lendas e descobrir da onde o pessoal das histórias de terror tiram parte da sua criatividade. Não sou uma profunda conhecedora do gênero, mas já consegui identificar a fonte criativa de várias histórias que me deparei ao longo do caminho. Esse blog sempre enfatiza a importância do repertório e o contexto sociocultural em que tudo é criado, Mahnke está totalmente alinhado com esse propósito e, por isso, a minha resenha do livro Criaturas Estranhas, o primeiro de série de LORE publicado pela Darkside Books será diferente.

Eu vou compartilhar com vocês as anotações malucas que fui fazendo conforme virava as páginas dessa leitura intrigante e bizarra. Vai fazer sentido? Provavelmente não. Porém, de novo, o que nessa vida faz, não é mesmo?

“Os revenant são uma espécie de fantasma meio zumbi da cultura do leste europeu. AI MEU DEUS É O NOME DO FILME DO DICAPRIO … agora tudo faz mais sentido, olha o EMBASAMENTO, te peguei Iñárritu!!”

“Peraí, isso tem tudo a ver com aquela série Amorteamo da Globo, essas criaturas estranhas que ele fala é tipo a Marina Ruy Barbosa na série … putz amo, saudades” (vejam)

“A Colina Escarlate de Del Toro é uma referência a ocorrência de Burton e Harri em 1789? Revelador!”

“As coisas bizarras que aconteciam pra lá de 1800 são quase inimagináveis, o jeito que os filmes retratam são até que tranquilos. Pensar em como as pessoas reagiam as coisas sobrenaturais, sem que elas de fato existissem é muito chocante … o humano é bem perturbado”.

“A histórias dos caçadores de bruxas em Belas Maldições (Good Omens) é real e isso é tão triste, como que pode?”

“O mundo sempre foi ditado por um louco que inventa umas asneiras segregacionistas e acaba em morte e opressão de minorias. A história é cíclica e os avanços sociais, infelizmente, pouquíssimo em tempos de crise. Basta uma coisa dar errado que a humanidade volta a procurar culpados e querer exterminá-los. Eu to bem nervosa”.

Caçadores de bruxas – pessoal irlandês dos metamorfos são tudo uns misóginos, homem fraco que não conseguia lidar com mulheres afrontosas, independentes, fortes e bonitas. Mulher está fora do padrão patriarcal submissa ao homem? Mata. ME POUPE”.

O caçador está sempre em risco de se tornar a própria coisa que o persegue

Podiam não ter na bagagem preciosos bens de família, mas tinham na cabeça e no coração as partes mais importantes da sua identidade, e ninguém podia tirar isso deles”.

Escravos aprisionados sem poder e controle do próprio corpo. Presos a uma atividade pesada pelo resto da vida. Zero controle da vida e do seu destino. Para o Haiti, o inferno era mais uma escravidão. Esses corpos e almas escravizados tinham um nome na cultura dessa gente: zumbi. Zumbi dos Palmares? MEU DEUS REVELAÇÕES”.

“Os outros, criaturas pequenas, aparece em Hilda (animação), como Arfur. AWN QUE FOFO. Outro ponto do Arfur, os huldufolk, da cultura da Islândia: são um povo escondido, tem a forma e o tamanho de humanos e vivem de maneira parecida, só que são invisíveis”.

Transtornos mentais sempre foram muito estigmatizados, e a depressão muito ignorada e não aceita. Pessoas deprimidas eram constantemente tidas como “substituídas por entidade maligna” roubada a alma, levada embora. Pouca coisa mudou, que merda”.

Anões fantásticos tem origens no goblins que são seres pequenos que causam na vida dos humanos – eita?”.

“Inspiração da escola de X-Men: Sta. Coletta para crianças excepcionais (ou com problemas mentais, em 1904). Charles Xavier é uma versão fofa desse horror.

“Tem a história da Annabelle real, medonha como o Robert – cuja história do livro é diferente da série um pouco, achei a da série mais completinha, ao mesmo tempo que exclui a baba jamaicana, sei lá.”

“O jeito que Mahnke conta as histórias me faz lembrar muito de Scooby Doo – tipo tem todo um mito de monstro e fantasmas, mas que quase sempre é apenas algum ser humano causando. Isso dá um tranquiliza também hehe”.

“Faz menção a Penny Dreadful que, com certeza, se baseia em muitas lendas desse livro. Bom não vi e nem verei, tem mil temporadas haha”.

“A história sobre OVNI caindo do céu eu to só: IGUAL GALINHO CHICKEN LITTLE MEU DEUS AMO! Pior que parece mesmo a descrição do formato do alien e como tudo aconteceu”.

“As conexões entre coisas bizarras e desastres não pode ser só coincidência. Claro que tudo pode ser inventado, mas como acontece a mesma coisa em lugares diferentes e com pessoas que nunca se comunicaram? E como os relatos são sempre anteriores, indicando que não é bem uma história fantástica que serve como justificativa? SEI LÁ socorro”.

A série é um compilado de capítulos que abordam o mesmo tema do livro, só que de um jeito mais mesclado, com as crenças sendo exploradas conforme a história principal escolhida se desenvolve”.

“As histórias do livro são pouco diferentes da série, o que não deixa a gente saber com certeza qual é a real. Acredito que seja a do livro, já que a série pode ter sido adaptada para caber no formato televisivo, e isso sempre corta uns detalhes né?”

História dos Phelps, a moral é: Não mexe com o que não sabe, deixa as coisas quietinhas na delas por que VISH!! Na real, é a base de inúmeras histórias de casas mal assombradas. Seja um ser humano decente e respeitoso com as entidades desse mundo e de outro qualquer que você passa ileso”.

“As histórias sempre acontecem em regiões predeterminadas, normalmente frias e nubladas que já tem essa vibe terror. Nada acontece numa praia quente e ensolarada por exemplo”.

“É chocante como algumas pessoas continuam frequentando lugares que claramente estão mal-assombrados, como se incorporassem os fantasmas na rotina de boa, deus me livre”.

“Um conto de horror baseado em feminicídio! Revoltada com o homem imbecil que matou a esposa, mas vingada que o fantasma dela voltou para falar toda a verdade. EXPÕE ELE MESMO!”.

“História de barulho, objetos mexendo e gente levitando me faz SUAR FRIO. Por que a do caso do cara do tambor ficou meio provado a ação de forças malignas, seja bruxaria ou espírito, sei lá. Não seja cuzão com as pessoas!!”.

“A história das possuídas é meio que muito a fonte de Sabrina! Perto do dia 31 uma jovem assina com sangue o livro do pacto com o diabo … já vi isso. Fora que na segunda temporada o episódio 5 tem outra história de bruxa que também tudo a ver com bases de Sabrina. Vish, a história da Elizabeth é quando ela tinha 16 anos … Roberto fez a sua pesquisa para a bruxinha de Greendale né, queridon”.

“A parte racional da história que se passa em 1671: Elizabeth derrubou as barreiras ao redor e deixou sua marca na comunidade. Cagou no sistema de opressão. Uma jovem analfabeta que trabalhava na casa de um homem rico, educado e socialmente poderoso assumiu o controle, a própria voz! Tornou-se principal assunto numa época em que as mulheres eram ignoradas e socialmente oprimidas. Ela se tornou poderosa. Logo que toda a possessão demoníaca acabou, ela voltou a sumir da história e dos registros … PUTZ pesado”.

A linguagem do livro é super divertida e como se Aaron Mahnke estive conversando com a gente enquanto nos conta as histórias. Os comentários sarcásticos do autor dão o alívio que precisamos durante essa leitura tensa e medonha. O livro não dá medo, e a sensação é que estamos na beira de uma fogueira contando histórias macabras com os amigos – é a vibe perfeita para o halloween, assim como a série!

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