Rainhas do Crime: a máfia liderada por mulheres!

Esqueça as comédias típicas de Melissa McCarthy, Rainhas do Crime é um filme de mulheres que assumem o controle da máfia irlandesa de Nova York no final dos anos 1970. Baseado na série de HQs homônimas, o longa destaca o protagonismo feminino em histórias policias e mostra como a liderança de mulheres no crime tem um viés diferente da masculina. Preciso na história e na direção, Rainhas do Crime é um excelente acréscimo ao gênero.

Não se assuste com “baseado em HQ”, nada tem a ver com o universo de super-herois ou poderes extraordinários. Rainhas do Crime é uma história brutal sobre três mulheres que assumem a máfia de Hell’s Kitchen após seus respectivos esposos serem presos. Melissa McCarthy vive Kathy, mãe de dois filhos pequenos que, com a prisão do marido, ganha uma mesada da máfia insuficiente para pagar as contas e tem dificuldade em se inserir no mercado de trabalho – mãe de crianças, ninguém quer contratar. Elisabeth Moss é Claire, vítima de violência doméstica do traste do marido com quem está casada a dez anos e encontra alívio quando ele é preso e se apaixona pela violência apresentada no mundo do crime. Completando o trio temos Tiffany Haddish como Ruby, mulher negra num bairro majoritariamente dominado por irlandeses, sofre racismo da sogra e é maltratada pelo marido, que a enxerga como uma emprega. Juntas, elas veem na máfia a saída para seus problemas financeiros e desmoralização social.

Publicado pelo selo Vertigo da DC Comics, o quadrinho tem uma pegada mais adulta e violenta e isso foi transmitido para o filme. Apesar de acreditar que optaram por uma abordagem mais leve, a violência marca forte presença no longa, que evita cenas visualmente explicitas, mas não deixa de registrá-las. Esse poderia ser facilmente um filme 18+, porém é sempre um desafio os estúdios seguirem com longas assim que limitam tanto a bilheteria. Além disso, o público-alvo entra bastante nessa discussão. Mulheres também gostam de umas coisas violentas às vezes, okay? hehe

Adaptado e dirigido por Andrea Berloff – sua estreia na direção, por sinal – o filme trabalha muito o psicológico e contextos de suas personagens principais. Diferente dos filmes de ação/policial ao qual estamos acostumados, Rainhas do Crime foca muito mais nas decisões das personagens do que nas cenas de ação propriamente ditas. O filme é super bem construído, com plot twist surpreendente, e decisões corajosas. A história é realmente boa, amarrada e consegue extrair muito do papel da mulher em distintos cenários. As três protagonizadas são muito diferentes entre si, não obedecem um estereotipo e nem um arquétipo. E todas elas têm um background denso que as impulsiona de maneiras diferentes.

rainhas do crime critica

Quando digo que o filme policial tem uma pegada diferente daqueles aos quais estamos acostumados é porque Andrea Berloff fez um excelente trabalho em não se prender a clichês e padrões do gênero. A visão feminina da diretora faz toda a diferença, pois ela cria um filme para esse público: constrói personagens identificáveis, sensíveis, vulneráveis. Privilegia o contexto, a motivação por trás do crime e as crenças das mulheres. Berloff não substitui homens por mulheres no protagonismo, apenas, mas cria um ambiente no qual o empoderamento feminino é um personagem, é contextualizado e desenvolvido.

As atuações são muito boas, e Melissa McCarthy segura o drama da personagem do começo ao fim. Vemos seu estilo, postura e expressões mudarem conforme assume mais poder dentro da organização criminosa. Dizer que Elisabeth Moss está excelente é chover no molhado, não é mesmo? A atriz entrega uma personagem depressiva, tímida e violenta com sutileza e sensibilidade. Claire se tornou o meu membro favorito da gangue! Não conhecia o trabalho de Tiffany Haddish, mas ela acompanha essas duas gigantes da atuação com tranquilidade. No elenco ainda temos Common e Domhnall Gleeson, e qualquer filme com esse mocinho já vale a pena, né? Haha

rainhas do crime melissa mccarthy

Não teria como falar de Rainhas do Crime sem fazer a inevitável comparação com Good Girls, série da Netflix. Como uma verdadeira fã do trio de mães criminosas, o longa de Andrea Berloff segue a mesma vibe, e fica difícil saber quem se inspirou em quem. Ok, agora que sei da existência de The Kitchen, a HQ, Good Girls parece bem inspirado nessa narrativa haha. Se você ainda não assistiu essa série, eu recomendo muitíssimo! Rainhas do Crime desperta essa torcida pelas mulheres bandidas, essa vontade de vê-las vencendo, o que é contraditório. E, o melhor de tudo, nas duas obras chegamos à conclusão de que: GIRLS DO IT BEST! Sério, as mulheres pisam muito na administração do crime e na elaboração de planos. Homens, watch and learn.

Outra fonte de cultura pop que me veio imediatamente na mente foi Demolidor. Não há meios de falarem o nome Hell’s Kitchen e eu não pensar em Matt Murdock. E com a presença dos crimes e máfias, eu penso que nunca quero conhecer esse bairro Nova Yorkino? HAHA, brincadeira. Porém, a ambientação de 1978 feita pelo filme é boa, e a fotografia das cenas externas em Nova York são belíssimas. Eu gostei muito do fluxo de direção da Andrea, que não ousa nos planos nem nada, mas faz um trabalho competente.

rainhas do crime elisabeth moss

O que ampara muitas cenas e momentos de virada é a trilha sonora. Ela empolga durante o filme por ser basicamente composta por rocks da época, sendo a maioria deles cantadas por mulheres. É aquela trilha sonora repleta de hits como: Barracuda (amo), The Chain (sim, a abertura da novela Sétimo Guardião, da Globo haha), Carry On My Wayward Son. Essas músicas e as demais compostas para o filme se encaixam muito nas cenas, e dão aquele impulso de Girl Power que certos momentos pedem. As letras das canções também casam muito com as cenas. É meio fácil empolgar com músicas tão famosas, mas funciona.

Rainhas do Crimes estreia dia 09 de agosto nos cinemas e é uma boa opção de programinha para o fim de semana, ou para quando quiser ir ao cinema. Filme de ação e crimes protagonizado e dirigido por mulheres é algo raro, ainda, então incentivem o trabalho dessas pessoas fenomenais para que mais longas como esse sejam feitos. The Kitchen (em inglês) foi uma grata surpresa e tem potencial de agradar um amplo e diverso público. Uma história bem desenvolvida, personagens bem construídos e, com mínimo alívio cômico, o filme acerta na carga dramática! E, fiquei interessadíssima em ler as HQs, que chegará no dia 12/08 aqui no Brasil, meninas, e compilando todas as edições!

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