Os Homens de Preto voltaram! No retorno da famosa franquia de agentes especiais temos no protagonismo Tessa Thompson e Chris Hemsworth, a dupla que comanda um dos arcos mais divertidos da Marvel, Valkyria e Thor. A clássica comédia alienígena carrega um enorme legado com a trilogia estrelada por Will Smith e Tommy Lee Jones, porém, que eu nunca fui grande entusiasta e não guardo muito bem na memória. Essa é uma crítica do grande lançamento da semana sem o apego emocional e paralelismo com o antigo filme.
A história é simples: Molly (Tessa Thompson) é obcecada em se tornar uma agente da MIB desde crianças, ela estudou para esse momento, e conseguiu se contatar com a agência e ter sua almejada chance. No período de experiência, a agente é transferida para a unidade de Londres, onde conhece o Agente H (Chris Hemsworth), melhor do setor, atrapalhado, e que trabalha sozinho. Os dois acabam embarcando numa missão que, no primeiro momento parecia simples, mas se desdobra e uma série de descobertas e aventuras. Tudo isso com aliens o tempo todo. MIB não é mesmo?
Eu diria que o grande problema do filme é justamente a história: exageradamente simples, genérica e previsível. Nos primeiros dez minutos já dá para ver toda a trama, que em momento algum surpreende, mas tenta exaustivamente, o que gera uma leve frustração e presume o expectador de bobo. MIB nunca foi uma franquia reconhecida por seus plots brilhantes e imprevisíveis, porém o roteiro é excessivamente engessado e não consegue criar uma narrativa fluida suficiente para te manter apreensivo e atento durante o longa – você não liga de sair e ir ao banheiro e abastecer sua pipoca, por que, no fim, não perdeu grandes coisas.
O Agente H nos é apresentado como excepcional, responsável por já ter salvo o mundo! Visivelmente ele tem alguns conflitos, e o que vemos não é a pessoa que pintam para nós, no entanto, em momento algum isso é desenvolvido. O roteiro tenta exaustivamente nos vender um mistério para ele que não cola, os motivos e background do personagem são mal desenvolvidos, e, assim, não conseguimos criar uma conexão verdadeira com ele. A grande justificativa não trás um efeito impactante, mas só um “ata, faz sentido”, O trabalho de Chris Hemsworth é excelente, e ele tem um timing ótimo para comédia, porém o filme subaproveita essas características do ator, e a sua química com Tessa Thompson.
Os dois juntos formam uma dupla incrível, e já tivemos um gostinho disso em Thor Ragnarok. Agente M é a verdadeira protagonista do filme e quem faz a história andar. Ela é apresentada de maneira satisfatória e conseguimos nos relacionar com suas motivações. Principal responsável pelo update do Men in Black, colocando uma mulher na agência “masculina” como figura inteligente, que efetivamente lutou e dedicou sua vida para aquela posição – diferente do Will Smith, e traz esse paralelo legal da realidade distinta para os gêneros. Tessa Thompson entrega uma excelente personagem feminina, leve, destemida, confiante, porém, de novo, o roteiro faz bagunça e cria algumas incongruências para ela, fazendo o expectador questionar alguns pontos que não deveria.
O destaque desse Homens de Preto com Pawny, o alienígena pequeno super simpático e alivio cômico (que não precisava). Interpretador por Kumail Nanjiani, o etzinho é a coisa mais fofa e divertida do filme, mas claramente um artifício para conquistar os expectador e nos fazer ficar “ITI MEUDEUSO” – mega funcionou comigo haha. Liam Neeson como Agente T, chefe da divisão de Londres, fica completamente na sua safety zone e faz o de sempre, assim como Emma Thompson, Agente O, que só aparece para abrilhantar a tela com o seu poder extra mundo, pois tem um papel ínfimo na trama toda e serve mais para criar a conexão com a franquia anterior e introduzir o “Internacional“.
Acredito que o maior desperdício tenha ficado com Rebecca Ferguson. Ela interpreta a alienígena Riza e, apesar do momento legal no filme, quando ponderamos sua utilidade na trama a coisa fica meio a desejar. Deram para Ferguson um personagem pomposo, mas pouquíssimo explorado, que esbarra no mesmo problema do personagem do Chris Hemsworth. Existia muito potencial em trabalhar ambas histórias em tela, e não apenas falar sobre elas de forma rápida. No cinema a gente precisa ver as características dos personagens e seus backgrounds, bem mais do que apenas ser contato por cima para nós.
No final do longa, fica a sensação frustrante de não ter compreendido a motivação do vilão, e, o maior erro é tentar ficar procurando sentido: quanto mais você pensa, mais buraco enxerga no roteiro. Não tenho como traçar paralelos com os anteriores, mas dada as baixíssimas notas da crítica no metascore (39) e no rotten tomatoes (24%), posso dizer que ficou aquém do potencial apresentado anteriormente. MIB Internacional não tenta ser um reboot ou remake, mas um spinoff, e eu realmente acredito que o maior erro ficou por conta de uma história zero elaborada e pensada nos dias de hoje – não no sentido de estar datada, mas considerando a experiência da sua audiência!
Apesar de ter acabado com o filme, eu não me decepcionei. Em termos de blockbuster de férias, ele cumpre totalmente a sua missão e entrega, sim, duas horas de entretenimento divertido, leve, e bem Family friendly. MIB sempre teve o humor pastelão que replica no lançamento, faz homenagem aos seus antecessores, mas consegue não imitar a dupla clássica e criar seus próprios atributos. A tecnologia ajudou com o desenvolvimento de novos ETzinhos e funcionalidades, porém eu gostaria de ter conhecido mais esse universo secreto.
No fim, MIB Internacional é uma grande Temperatura Máxima – o filme para as tardes relaxantes do fim de semana. Não vou negar que me diverti bastante assistindo (principalmente por conta do Pawny hihi), mas é um filme bem genérico e esquecível, com zero identidade e marca para o futuro. Meu namorado, um legítimo fã e entusiasta de MIB achou ok, mas sentiu falta da clássica cena final, que evidencia o quanto o universo é grande. E eu posso dizer que não só essa cena fez falta, mas como o conceito: faltou, e muito, explicar a ameaça da história – de novo, não explicou, não mostrou, falou por cima umas palavras-chaves pois, claramente, não se tinha pensado a fundo nesse elemento narrativo. Um filme cheio de potencial, mas que subaproveita o universo fantástico, os excelente atores e as novas tecnologias. Com o preço do cinema pela hora da morte, e só opções 3D, eu pensaria duas vezes antes de investir!
PS: Sim, tem o Serginho Malandro brevemente no filme e a maior vergonha alheia, não entendi o que aquilo estava fazendo lá, por quê, Gary Gray?