Nesse aniversário decidir corrigir a terrível falha de caráter que tinha e assistir, pela primeira vez, ao Diário de Bridget Jones. A comédia romântica britânica de 2001 é uma adaptação do best seller homônimo de Helen Fielding e um dos grandes destaques do gênero, se tornando um verdadeiro clássico. Protagonizado por Renée Zellweger, o filme é, claramente, ponto de referência para várias criações e, apesar de terrivelmente previsível, é um hino atemporal que vale cada segundo assistido.
Bridget Jones está no começo dos trinta e sentindo completamente a pressão social: não tem um namorado, não tem perspectiva de que vá casar num futuro próximo, e nem tem a carreira de seus sonhos. Na festa de Natal da família e amigos, ela é obrigada a aguentar os insistentes assédios do “tio”, a mãe ditando o que deve vestir e tentando desesperadamente arrumar um namorado para ela, e sendo lembrada de como está “solteirona”. O ponto alto desse típico perrengue familiar é quando conhece Mark Darcy (Colin Firth), um advogado renomado, fino, elegante e arrogante que fala duras verdades sobre Bridget! No ano novo, sozinha e desiludida, a desastrada, inconsequente e impulsiva protagonista faz as emblemáticas promessas para o novo ciclo, como emagrecer, parar de beber e de se envolver com homens problemáticos. Mas é óbvio que nada sai de acordo com o planejado, e Bridget se envolve com o pacote completo de catástrofe: seu chefe, Daniel Cleaver (Hugh Grant).
Na primeira parte do filme eu estava receosa, pois tudo indicava que a história não tinha envelhecido muito bem e continha vários elementos que foram se acumulando como problemas para mim. Até o grande ponto de virada, que começa a mostrar suas camadas e revelar a verdadeira mensagem do filme: amor próprio. É claro que nesses quase 20 anos da estreia, muitas coisas mudaram, porém seria absurdo negar que ainda existe uma grande pressão social para a mulher se casar, começar a constituir família e uma preocupação bem menor em relação a sua carreira e objetivos profissionais. Em Bridget Jones vemos esse conflito tanto da perspectiva de fora, como a mãe fazendo de tudo para casar a filha e quão mal isso fez para ela, quanto do ponto de vista interno que, apesar de parecer ok com a sua situação, Bridget exerce a mesma pressão, se não pior, em si mesma.
O Diário de Bridget Jones é uma descarada releitura de Orgulho e Preconceito, e falo com a maior empolgação possível, já que esse livro é perfeito! No começo, com a introdução de Mark Darcy, eu pensei: mas todo filme romântico britânico tem que um Darcy? Bem, praticamente, mas a história fez isso propositalmente pois, em momento algum, ela tenta disfarçar que é um grande fanfic da história icônica de Jane Austen, e isso é maravilhoso. Orgulho e Preconceito é a maior base de romances que existe, atemporal e sucesso garantido (pois sensacional). É possível fazer o paralelo entre as duas do começo ao fim, o que pode, por um lado, tornar o filme previsível, mas, ao mesmo tempo, criar uma ansiedade e um envolvimento gigantesco, e eu me peguei abraçando a almofada do começo ao fim, tensa com Bridget e querendo ser sua melhor amiga. Ela fazendo entrevista de emprego é 100% eu, me senti representada e idiota haha.
Me identifiquei muito com Bridget, a sua falta de filtro para fazer uns comentários, e acaba sendo bem inapropriada, por exemplo haha. O filme trabalha muito bem os pensamentos da personagem e faz com que facilmente consigamos nos colocar em seu lugar e entender o contexto de todas as suas emoções. É óbvio que ficamos bravos com atitudes dela, mas, ao mesmo tempo, entendemos perfeitamente que não teria como ela agir e sentir diferente daquilo. Bridget é uma protagonista incrível, e Renée Zellweger (será que um dia saberei pronunciar esse nome?) está impecável no papel, conseguindo passar espontaneidade e autenticidade típica da personagem. A criação da sua identidade é muito bem-feita! Não atoa, a atriz concorreu ao Oscar, BAFTA e Globo de Ouro pelo papel – ÍCONE! – eu disse que era um fenômeno das romcom!
O clássico triangulo amoroso é composto por Colin Firth e Hugh Grant, os maiores galãs do cinema romcom da Grã-Bretanha. Hugh Grant faz um trabalho excepcional como Daniel Cleaver pois, eu amo o ator e queria esfregar a cara dele no asfalto de ódio desse chefe nojento e desprezível haha. Colin Firth é um excelente Mark Darcy, e na composição do personagem ele foi fundo no Mr. Darcy de Jane Austen e conseguimos ver todos os trejeitos e expressões dele em tela. Eu sou uma verdadeira devota de Colin Firth e simplesmente surtei em cada cena que ele aparecia e em todos os mal-entendidos com Bridget! Pelo amor de Deus, não devia nem se pensar duas vezes em escolher Colin Firth num momento de romance, sabe?No entanto, nem tudo são flores e senti um viés machista na narrativa do filme. O modo como ele lida com assédio é natural e bem vida real, mas não achei o mais adequado, pois zero consequências. O tal “tio” nojento de Bridget que a assedia em todas as reuniões familiares é um boçal que não tem um arco no filme e suas atitudes são naturalizadas. É óbvio que ele é uma figurinha bem conhecida em muitas famílias, mas poderiam ter lidado melhor com a situação. Assim como os assédios nojentos de Daniel Cleaver, chefe de Bridget que manda investidas absurdas na personagem em seu horário de trabalho. Entendi que ela estava apaixonada e relevando essa situação, porém a romantização desses momentos constrangedores é um enorme problema e não é, nem de longe, a maneira adequada de se flertar com alguém. Fazia, sim, parte do personagem de Hugh Grant ser mulherengo e flertador, mas achei de muito mal gosto a forma como eles se envolveram e, definitivamente, não envelheceu bem e poderia ter sido trabalhado de uma forma melhor.
Como falei no começo, Bridget Jones é uma grande lição de amor próprio e isso foi totalmente inesperado para a mim. A protagonista tem um arco incrível, e a evolução interna que passa é sensacional. Como ela decide assumir sua verdadeira personalidade, cagar para macho e seguir seu sonho, e gostar de quem gosta dela é incrível. Ela aceita seu corpo, que sempre se mostrou uma questão, e tudo é muito bonito de se acompanhar e identificar. Bridget também tem amigos, não sabemos nada sobre eles, mas o importante é que o filme procura valorizar amizades, o companheirismo e o suporte. Por ser roteirizado pela autora do livro, Helen Fieding e dirigindo por uma mulher, Sharon Maguire, os sentimentos de Bridget eram honestos, plausíveis, verdadeiros e por isso conseguimos nos simpatizar tanto com suas dores e alegrias e entender as situações, que foram tratadas de forma real. Selo feito por mulheres, yay!! A direção é muito boa, e ajuda demais a entrar na intimidade da protagonista.
Apesar de discordar de várias opções realizadas pelo roteiro e entender que muito se tem relação com a época em que foi feito, eu amei o filme! É um excelente romcom, que acaba com uma mensagem super legal, cheio de sotaques britânicos e cenários londrinos, com o Colin Firth, então é perfeito haha. Eu acredito que muitas coisas tenham envelhecido um pouco mal, mas isso não tira o brilho do filme e, em muitos pontos, o seu mérito de, na época, contar uma história excelente. E parte desse mal envelhecimento tem a ver com o nível de instrução sobre feminismo e tudo, também, não é tão gritante. E, no final, Colin Firth é um legítimo Mr. Darcy, sem o dom das palavras, arrogante, mas incrivelmente generoso e apaixonado. QUE HOMEM!
O Diário de Bridget Jones se tornou um dos meus romcoms favoritos, com direito a um lugar gigante no meu coração. Escrito, dirigido e protagonizado por mulheres, é uma obra do gênero que sai da curva na época, e consegue te deixar desesperado do começo ao fim! Sabe aquela sensação de amor que esmaga o coração quando você assiste a um filme que gosta muito? Foi assim que me senti! Já assisti à continuação, Bridget Jones: no Limite da Razão e o Bebê de Bridget Jones, e se vocês quiserem que eu fale sobre aqui deixa nos comentários! Ah, e não poderia deixar de enaltecer a trilha sonora, composta por hits da época, bregas e emblemáticos haha. Enfim, apaixonada por Bridget Jones e já querendo ler os livros.
Uma resposta para “O Diário de Bridget Jones é o maior clássico do romance britânico!”
eu amei a critica!! concordo com tudo que está escrito, e também “surtava” sempre que o Colin Firth aparecia no filme kkkk, eu iria amar se fizessem crítica dos outros 2 filmes, vou amar saber a opinião de vc (s)! ❤️❤️
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