Rocketman é a decolagem de Elton John ao estrelado!

Rocketman é a cinebiografia do extraordinário Elton John, do começo de sua carreira até a primeira grande pausa, por meados dos anos oitenta. Difícil falar sobre esse enorme espetáculo sem usar a palavra PERFEITO. O filme superou as minhas altíssimas expectativas e entrega mais do que uma homenagem ao artista, mas uma reconciliação com seu passado. Rocketman é incrivelmente pessoal, profundo e lúdico, nós mergulhamos nas emoções mais profundas de Elton John, embaladas, claro, com suas sensacionais músicas. Nosso PRIDE MONTH começou impecável. Parafraseando Phelipe Cruz, Papel Pop, ISSO É O VINGADORES DO VALE!

O cantor é vivido por Taron Egerton (Kingsman) e que trabalho magnífico! Além da excelente caracterização física, deste o visual, os looks extravagantes, até o jeito de sorrir, o príncipe da atuação britânica ainda canta (!!) e passa emoções com uma naturalidade ímpar. Não imagino outra pessoa vivendo Elton John, e a amizade dos dois durante as gravações me fazia berrar a cada foto e entrevista. Nesse ponto já deve estar claro, mas essa é uma crítica realizada no alto da minha hype e eu sou apaixonada tanto pelo Elton quanto pelo Taron, mas vamos seguir pois, muito a se falar.

A história de Elton John não começa em seu nascimento, já que ele criou esse personagem. Na verdade, a pessoa por trás se chama Reginald Dwight, um jovem que cresceu numa família humilde e terrível. Elton John surgiu da sua necessidade de abandonar o passado opressor e ser a pessoa que Reggie sempre quis ser, e, apesar das extravagancias, é nítido o abismo entre as duas personalidades. O filme consegue retratar muito bem esse conflito, e por isso muitas críticas batem na tecla de ser um filme sobre a reconciliação dele com seu passado. É quase uma sessão de terapia do próprio cantor, e o roteiro ajuda a contar isso muito bem.

rocketman elton john

O que ninguém contou de fato é que Rocketman é, na verdade, um musical, o que torna tudo mais orgânico e emocionante. O filme tem muito mais músicas do que eu pensei, e todos os hits de Elton são contextualizados, suas letras belíssimas encontram um significado palpável e profundo – principalmente com Taron Egerton perfeito cantando. As cenas são lindas e lúdicas, como se estivéssemos assistindo as memórias de Elton, transpondo sentimentos em imagens, o que fornece cenas impecáveis e poéticas. A montagem é incrível, e o timing de cada coisa faz com que nos envolvemos demais com o cantor. Várias cenas deram aquele famoso nó na garganta, especialmente no tocante a família.

Porém, não era Elton John quem compunha (e compõe) suas canções, mas Bernie, seu BFF. Vivido por Jamie Bell (Billy Elliot), conhecemos melhor essa mente encantadora por trás das letras icônicas do artista extravagante e a imensa amizade dos dois. Um dos plots mais bonitos, vemos a conexão que desenvolveram e como, apesar de não escrever, as letras são sobre Elton John, sua vida e história, porque Bernie realmente o entendia e conhecia. O filme tem a licença poética de colocar a música na boca de outras pessoas que não apenas o cantor, ajudando a contar a história e passar fortes emoções – os duetos são um ponto encantador.

rocketman elton and bernie

Em contrapartida, Richard Madden (Robb Stark) destoa da excelência do elenco e entrega um personagem monótono e sem nuances. É meio chata essa narrativa do empresário vilão e é isso que temos em Rocketman. Não é que eu duvide da perversidade capitalista de transformar uma pessoa em produto, mas isso é um artifício batido em filmes biográficos e acredito que, parte do problema, tenha sido a atuação polarizada de Madden como John Reid. Diferente do caso de Bryce Dallas Howard (Jurassic World) na qual a apatia ajuda a caracterizar a personagem, que, inclusive lembra muito o seu papel em História Cruzadas, Hilly Holbrook. Bryce é uma atriz excelente subaproveitada na franquia dos dinossauros (desabafei).

O excelente trabalho de Lee Hall como roteirista consegue não apenas contextualizar as músicas, mas como criar uma linguagem única para o filme, conferindo personalidade e incontáveis metáforas. O modo narrativo escolhido, com o próprio Elton John contando sua história até determinado ponto é genial, e confere mais profundidade ao personagem e as camadas que ele foi construindo, e desconstruindo depois. O modo como as fantasias extravagantes se intensificam conforme ele abusa de substâncias é angustiante, e tudo que queremos é dar um abraço nele, sinceramente. No final, tudo que Elton John queria era ser amado, e isso parte o coração.

rocketman elton and john

É impossível não sentir uma enorme empatia por Elton e ver a verdade e a dor em seus olhos. Acredito que isso só foi possível dada a constante presença do artista no desenvolvimento do longa. Elton John entrou como produtor executivo e participou ativamente de todo o processo de desenvolvimento do longa, fornecendo suas memórias e compartilhando sua dor – o que aumenta o sentimento de terapia do artista. O filme nos faz refletir sobre nossa própria história e escolhas, e vermos o impacto que a falta de amor na infância pode gerar – uma família disfuncional causa traumas para a vida.

O filme chega com pouco tempo de diferença de outra cinebiografia de uma banda de peso, o Queen – mas especificamente, Freddy Mercury. Apesar de ter me empolgado, Bohemian Rhapsody está mais para um telefilme, com montagem horrível, uma história glamourizada e maniqueísta – com ator que, mesmo bem caracterizado, não canta! Rocketman soube driblar todas as armadilhas que o filme do Queen caiu, e não procurou enaltecer Elton John, mas contar sua história dramática e polarizada, sua dor. Soube alocar as músicas fora de concertos e produção, dando um significado para elas, com um roteiro mais inteligente e sútil. A produção e os envolvidos muito tem a ver com todo esse processo, com a forma como escolheram contar a história e o que ser destacado nela, mas Rocketman entrega mais verdade e profundidade. Quero Oscars, Academia!!!

rocketman elton john airplane

Elton John faz parte da minha vida desde que me entendo por gente. Eu cresci com suas músicas e aprendi a amá-las com o passar dos anos. É um artista que admiro profundamente, e eu escolhi amar a pessoa certa! É óbvio que o filme dá um efeito Disney na história, mas não esconde a pessoa que Elton foi, com o abuso de drogas, cenas homossexuais e tudo, honra a sua história que é preenchida com altos e baixos. É um artista sensível e extraordinário, com músicas que falam não apenas com as letras lindas de Bernie, mas com uma melodia hipnotizante. Vários hits estão presentes, mas meu coração se partiu com a ausência de Sad Songs, minha música preferida da vida e que me ludibriou com a possibilidade de acontecer com cenas do trailer.

Rocketman é uma aula de como fazer a biografia de uma pessoa essencialmente artística. A arte está aí para colocar para fora aquilo que nos angustia dentro de nossos corações, e o filme entrega isso. Com personalidade, emoção e encantamento, Rocketman tem a cara do Elton John, respeita sua trajetória e recria impecavelmente suas icônicas fantasias (direção de arte, vocês arrasaram). A gente enxerga o artista para além do roteiro, mas com os números musicais, as melodias, as cenas lúdicas – é a forma como ele próprio enxerga a vida, e o que a música verdadeiramente representa para ele. Um filme honesto, mágico e, enfim, PERFEITO.

elton john and taron egerton

A minha hype foi superada, e saí do cinema absolutamente encantada. Taron Egerton é um excelente ator e quem discorda está errado haha (eu tenho um crush nesse menino que não aguento). Com o filme pude ter uma dimensão do real fenômeno que foi Elton John, e não tinha ideia que ele tinha sido uma LENDA. Essa crítica foi escrita sem ter consumido qualquer material além do filme, pois queria passar a paixão, amor e devoção que tenho pelo Elton John, artista que vou ouvir pelo resto do ano haha. Ademais, queria também ir sem qualquer viés e viver essa experiência, que ressignificou várias coisas, a principal sendo o conceito de Your Song. Só assistam Rocketman, é isto.

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2 respostas para “Rocketman é a decolagem de Elton John ao estrelado!”

  1. […] O meu amor por histórias em quadrinhos é recente, começou só em 2016, então, eu não lia as HQs das WITCH – CONFISSÕES DE UMA ADOLESCENTE EM CRISE! A verdade é que eu lia só as matérias da revista, eu não as comprava em sequência e não gostava de ler, então a parte das HQs sempre me passou em branco. Até agora. Na véspera do meu aniversário, com o peso dos Quadrinhos na minha vida e o meu histórico com as WITCH acredito que nada, nesse momento, me definiria melhor do que ler essa fascinante saga feminista! É muito, mas muito pessoal mesmo para mim, e finalmente o encontro da Thais de 12 anos com a de 25 – tendo um momento Rocketman. […]

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