Good Omens é a melhor série do ano?

Quando um pede para seu livro favorito ser adaptado, é isto que ele quer! Good Omens era uma das séries mais aguardadas de 2019 e entrega um espetáculo para os adoradores dá obra de Neil Gaiman e Terry Pratchett. Belas Maldições é uma adaptação perfeita, realizada com um detalhamento impecável que apenas o carinho, dedicação e talento dos envolvidos poderiam ter entregue. Esse é um dos post mais difíceis e satisfatórios de ser escrito por mim!

Good Omens é a história dos últimos cinco dias do planeta Terra, antes do Grande Plano entrar em ação, e termos a temida guerra entre Anjos e Demônios. É mais do que uma paródia do livro do Apocalipse na Bíblia, mas uma crítica divertidíssima sobre a humanidade, o livro sagrado e a religiosidade. No centro dessa aventura maluca, temos o anjo Aziraphale (Michael Sheen) e o demônio Crowley (David Tennant), dois amigos improváveis que ao longo dos 6 mil anos na Terra combinam forças para realizar suas tarefas boas e ruins. Até os dois acompanharem a chegada e o crescimento do Anticristo errado, e, há poucos dias do Armagedom, eles tem que encontrar a verdadeira criança e tentar impedir o fim dos tempos – contra as ordens de seus respectivos chefes, eles amam a Terra.

Belas Maldições é um dos meus livros preferidos! É uma história hilária, com um humor ácido e irônico típico de Neil Gaiman, o melhor autor vivo e só minha opinião importa. A obra vai além de satirizar o livro bíblico, e coloca tudo sob uma perspectiva crítica: as bruxas queimadas pela inquisição, os conceito de bem divino e mal demoníaco, toda a humanidade, e a amizade improvável dos protagonistas. Falando nisso, amizade é o grande alicerce dessa história, não só entre Crowley e Aziraphale, mas todos os núcleos a contemplam e é simplesmente mega especial ❤

A série conseguiu traduzir cada linha dessa obra com perfeição, e assisti-la foi como reler o livro. Todas as nuances, sutilezas, e tom de voz estão presentes, cada personagem minuciosamente escolhido e interpretado na medida, uma sincronia impecável. E não poderia ser diferente já que Neil Gaiman himself cuidou do roteiro e da produção, uma forma de honrar o último desejo de Terry Pratchett, coautor do livro, que faleceu em 2015.

good omens aziraphale crowley

Os seis episódios de cerca de 50 minutos passam num piscar de olhos. David Tennant, as usual, passa a sensação de que nasceu para o papel e interpreta o Crowley perfeito – os trejeitos, vestimenta, linguagem estão precisamente alocados, assim como o amor do personagem pelo Queen, que embala a trilha sonora. O brigadeiro desse Devil Cake é a excelente química que Tennant tem com Michael Sheen, o anjo Aziraphale. Sheen tem a doçura, ingenuidade e petulância do anjo, fazendo um contraponto sensacional e conquistando o expectador pelo carisma e pela quebra das expectativas – fugindo do rótulo de bonzinho cansativo.

O elenco ainda tem a divina presença de Frances McDormand como a voz de Deus – que narra a história, e, apesar de não aparecer, a atriz consegue passar as nuances e ironias na falas com sua maestria. Sim, Deus tem a voz de uma mulher, porque as coisas nas história de Gaiman funcionam dessa forma, e o autor consegue com naturalidade incluir mulheres, negros e tudo mais em suas narrativas. Esse é um trabalho de sempre, que faz parte de seus fantásticos mundos como o ar que respiramos e diz demais sobre os vieses críticos que busca passar.

good omens anathema

Todo o lance do Armagedom foi profetizado pela bruxa queimada, Agnes Nutter (Josie Lawrence) que pode ser interpretada como a heroína e única pessoa sã em todos os tempos! Sua descendente Anathema Device (Adria Arjona) se autonomeia bruxa, tem orgulho de Agnes e segue à risca a instruções minuciosas deixada por ela. O que a leva direto a Newton Pulsifer, herdeiro dos caçadores de bruxas – mas que não sabe disso. Newt protagoniza um dos momentos mais gloriosos para fãs de Doctor Who, o personagem usa uma gravata com as cores do cachecol do Quarto Doutor (me orgulhei de pegar essa referência e gritei). Existem outros detalhes tão legais quanto e que dão um brilho a mais.

A série é, claramente, britânica, então segue bastante essa linha de humor e estética – o que só ajuda em torna-la perfeita. Como um bom material do Reino Unido temos a fantástica participação breve e especial de Benedict Cumberbatch como o próprio Satan! – já que o ator domina as artes de fazer monstros assustadores (Oi, Smaug). Além do temível capiroto, temos a presença, também, dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, versão atualizada, com a Guerra, Fome, Poluição e Morte. Eu adoro a forma como Neil Gaiman consegue dar esse update nas coisas antigas e trazer o conceito para a nossa realidade, vemos isso em American Gods, e agora em Good Omens – no livro eu acredito que a atmosfera desses seres é mais explorada um pouquinho, dando uma grande pitada de acidez.

good omens the them

As crianças também estão excelentes e o Anticristo, Adam Young (Sam Taylor Buck) é um adorável menininho que tem seus momentos de vilania intensa e doçura, como sua turminha e seu Cão – uma besta domada. O Arcanjo Gabriel de Jon Hamm é impagável, e passa a sensação de bom moço que você não engole nem por um momento sequer. O elenco escolhido a dedo foi fundamental para conseguir passar todas as sutilezas e nuances dessa obra, e não tem um personagem que destoa do conjunto, todos espetaculares.

Os efeitos especiais não são a coisa mais incrível, e deixam a desejar em algumas cenas, nada imperdoável e único ponto que acredito que mereça crítica. Good Omens prova como é possível fazer uma adaptação fiel de obra literária, sem perder sua identidade, mas transcende-la. Quase nada foi deixado para trás, e o único ponto que acredito ter sido levemente diferente foram os instantes finais, porém posso estar sendo traída pela minha memória. Neil Gaiman fez a melhor homenagem possível ao amigo, Terry Pratchett, mantendo cada detalhe, piada, dialogo e crítica que ambos pensaram juntos.

good omens four bikers

Eu fiquei extasiada assistindo essa que já é uma das minhas séries preferidas. Amazon Prime Video acertou mil vezes em abrir essa parceria com Neil Gaiman, e em deixar a liberdade criativa nas mãos de seus desenvolvedores. É gratificante para um fã ver a sua obra amada tão respeitada e bem adaptada nas telas, sem o dedo podre do palpite de produtores que não entendem (ai desculpa, mas rola, né?). Um disclaimer importante é que sim, a série toca num tema sensível e quem não está disposto a contestar alguns escritos sagrados pode encontrar resistência, mas, apesar de Satan e Anticristo, pode ir sem receios, nada é assustador, prometo.

Good Omens é uma porta perfeita para você conhecer o trabalho de Neil Gaiman e se apaixonar. É uma série que agrada tanto aos fãs quanto aos que já amam seu trabalho. Não acredito que ela terá outra temporada, a história se conclui ali e temos apenas um livro (não façam mais, eu imploro). São seis episódios que valem cada segundo. E, não poderia deixar de exaltar a abertura extraordinária, com uma animação divertidíssima e que tem tudo a ver com a vibe proposta. Pior melhor crítica do blog, mas The Geek Drama é isso, estar envolta a tantas emoções que é difícil botar pra fora de maneira contida! Neil Gaiman nunca errou!

PS: Deixo-os aqui com essa música mara do Emicida feita para série.

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2 respostas para “Good Omens é a melhor série do ano?”

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