Carry On nasceu como uma subhistória no livro Fangirl. Para quem leu, sabe que nessa obra Cath escrevia uma fanfic sobre as aventuras de Simon Snow, que é tipo o Harry Potter do universo da personagem. Porém, Rainbow Rowell se envolveu tanto com a história secundária que resolveu dar vida a ela. Assim nasce Carry On – Ascensão e Queda de Simon Snow, uma obra prima que, apenas com a maestria da autora, sai da posição de fanfic e cria uma história completamente original e maravilhosa.
Simon Snow é o escolhido par salvar o universo mágico – e sabe disso desde os onze anos de idade, quando descobre que é um bruxo, e não um Normal como pensava. Órfão, o garoto conta os dias para o fim das férias de verão e, finalmente, poder regressar a Watfort, a escola mágica onde ele pode usar seus poderes e reaver seus únicos amigos: Penélope, incrivelmente sagaz e inteligente, e Ágata, a namorada (chatinha). O único inconveniente é que ele divide o quarto com o seu arqui-inimigo, Baz Pitch, o qual ele suspeita fortemente ser um vampiro! A história começa com Simon iniciando o seu último ano na escola, que já está uma loucura: o Mago (seu tutor e diretor da escola) está o evitando e seu colega de quarto está desaparecido – e o namoro também está meio esquisito e desandado.
Qualquer semelhança com Harry Potter não é mera coincidência, mas eu diria que elas acabam nessa sinopse. Apesar da base ser a mesma, as duas histórias tomam rumos completamente diferentes e permitem que, no segundo capítulo, você já nem lembre mais do Menino que Sobreviveu. Com o decorrer do livro, percebemos que a magia e as regras do mundo mágico vão se diferenciando bastante da saga de Harry Potter, principalmente na linguagem. Rainbow Rowell tem uma escrita contemporânea e muito divertida e debochada, o que torna a leitura hipnotizante e hilária, com diálogos incríveis! Acredito que o projeto de Carry On nasceu, lá no livro de Fangirl, como uma fanfic paródica, mas se tornou muito mais do que isso no imaginário da autora, fazendo-a dar vida a essa aventura inesperada.
Apesar das mais de 400 páginas, a história é rápida e super dinâmica, mal dando de tempo de nos recuperarmos de um fato ou descoberta e já nos coloca em outra situação maluca. A escrita da Rainbow é envolvente e os personagens muito cativantes, o que torna impossível soltar esse livro (as minhas tropeçadas no metrô que o digam). A história vai ficando cada vez mais complicada e complexa, e a autora cria mistérios para o leitor ir desvendando conforme a leitura. Nesse ponto, embora bem construída, eu achei a narrativa um pouco previsível e, no meio do livro, já tinha uma ideia de onde tudo ia dar – porém, atribuo isso a minha bagagem e imaginação fértil, essa previsibilidade em nada afetam a experiência, que ainda é surpreendente e bizarra haha.
Meu primeiro contato com Simon Snow foi em Fangirl, e isso me dava um parâmetro para saber o que esperar, porém a leitura da aventura de Cath não é necessária – apesar de altíssima recomendada por mim pois é perfeita – o único ponto é que quem tem essa leitura na conta terá uma experiência diferente. Carry On começa cheio de emoção, e somos introduzidos de uma vez ao universo, de modo que não perdemos muito tempo com apresentações. O passado dos personagens vai se revelando em suas conversas e memórias, contextualizando a atmosfera ao mesmo tempo em que ajudam a dar segmento para a história – ela não para e nem se demora muito em explicações e descrições. Nesse quesito o livro também se diferencia bastante de Harry Potter, pois obviamente não se tem tempo hábil para construir um universo tão rico quanto aquele, e esta não é a proposta da autora.
Carry On é um livro de romance juvenil, com fantasia e alguns palavrões – ou seja, perfeito. Além disso, os personagens são tridimensionais, fica clara a motivação de cada um, e tudo é exposto em tom debochado – ele não se leva a sério e esse é o maior acerto de Rainbow Rowell. O livro é escrito em primeira pessoa, porém o ponto de vista se alterna entre os personagens, permitindo-nos conhecermos cada um de forma mais profunda, e observar a diferença entre como ele é visto, e como ele realmente é. A autora cria uma voz única para cada um, de forma que a maneira como Simon se comunica e pensa é totalmente diferente de Baz e Penelope, por exemplo, fazendo com que nos familiarizemos com os personagens e as suas individualidades e dilemas. É uma forma inteligente de permitir o leitor ter uma visão holística dos fatos, criar nuances e no fazer simpatizar com os personagens.
É muito difícil falar dessa obra-prima sem me aprofundar e soltar uns spoilers, exaltar sem exemplos concretos de sua genialidade (Trust me, I’m the Doctor)! O brigadeiro do bolo é que a trama envolve relacionamento LGBT e os personagens são diversos e complexos (até as meninas). De Fangirl para Carry On é possível sentir a evolução de Rainbow Rowell que só se consolidou mais ainda como minha autora preferida, dona do meu coração! O livro tem continuação prevista para o segundo semestre desse ano, chamada Wayward Son (SIIIM!!!) e eu não estou psicologicamente preparada para isso. Quando li a última página da saga épica de Simon Snow, um buraco se abriu no meu peito e ele precisa ser preenchido.
Carry On é muito mais do que uma fanfic zoeirinha de Harry Potter, é um livro extremamente divertido, angustiante e com um romance desses que faz você querer gritar, por todos os motivos. A amizade dos personagens é linda e a história rica e surpreendente. Rainbow Rowell cria um universo fantástico magnifico e mostra que sabe escrever YA como poucos, o trabalho que ela faz com os personagens é sensacional! Leitura obrigatória do the Geek Drama. Meu único arrependimento é ter adiado tanto esse encontro.
Uma resposta para “Carry On é o livro de fantasia para todos os fãs de Young Adult”
[…] para o baile (a do Scorpius era uma otária que só o mal tratava). Nesse contexto entra Carry On (resenha aqui), livro de Rainbow Rowell que nasce como uma fanfic Draco+Harry, mas tem a coragem, carisma e […]
CurtirCurtir