Dia das Mães é uma data comemorativa, celebrando essa pessoa que é simplesmente tudo na nossa vida: quem a gente grita e chora no momento de desespero, quem nos avisa das ciladas e ignoramos e nos ferramos, com quem passeamos domingo a tarde no shopping, quem temos uma relação turbulenta que vive de momentos bons e ruins. Não me parece justo dedicarmos apenas um dia no ano a essas super-heroínas que tiram leite de pedra, e, como na vida nem tudo são flores (especialmente na delas), essa lista se propõe a discutir o papel de mãe, trazer para a reflexão dos sacrifícios e amor incondicional que depositam nos filhos. É uma lista da realidade nua e crua (e hollywoodiana), então nada de muita fofura, pegue o lencinho e prepare-se para desenvolver a empatia pelas mães do mundo afora.
1 – Juno
O filme estrelado por Ellen Page aborda a gravidez na adolescência. Juno era uma menina inconsequente e imatura até estar carregando um bebê na barriga, apesar de optar por não ficar com a criança, nesses 9 meses de gestação a personagem amadurece demais e mostra como um filho sempre muda a vida! Além disso, temos também como as pessoas ao redor reagem a gravidez, especialmente na escola, e como o julgamento negativo sempre recai sobre a garota, que é vítima de olhares e fofocas – enquanto os mocinhos (apesar de Michael Cera ser um fofo), não sentem 1/10 do peso da gravidez precoce.
2 – Se a Rua Beale Falasse
Do mesmo diretor e roteirista de Moonlight, Berry Jenkins, o filme vai contar a história de uma moça grávida que luta para tirar o marido da prisão antes do nascimento de seu filho. O longa sensível e poderoso retrata o sofrimento da mulher negra diante da injustiça social – o marido é inocente – e do julgamento das pessoas ao redor. Além de Tish Rivers (Kiki Layne) prestes a dar a luz, temos também Sharon Rivers (Regina King <3), sua mãe que dá tudo de si para ajudar a filha a soltar o genro e dar o suporte emocional necessário nessa situação delicada. Um filme LINDO, assistam hehe.
3 – O Quarto de Jack
A maternidade é algo louco, e mesmo que aconteça da forma mais cruel e hostil possível, ainda pode salvar a vida da mãe de várias formas. É isso que acontece com Joy (Brie Larson <3) que, após anos presas em um cativeiro, consegue escapar graças a ajuda de seu filho, Jack (Jacob Trembley), nascido no confinado quarto. O filme mostra uma mãe que tenta manter a inocência da criança e protegê-la, e mostra a dor e as dificuldades de ter tido um filho sob tais circunstâncias, e o amor incondicional que tem por ele, apesar de tudo. Um filme difícil, com gatilhos, que aborda uma maternidade nada glamourizada, porém imensuravelmente forte.
4 – A Chegada
Um filme de alienígenas cujo tema não é invasão extraterrestre, mas maternidade. É uma história delicada que requer sensibilidade para alcançar sua mensagem, que, grande parte, está nas entrelinhas e não é falada. Explicar porque o filme aborda o tema é um spoiler, mas confia em mim que é sobre isso. Uma história que vai sendo construída aos poucos, de forma confusa, porém, quando começa a fazer sentido te pega de jeito e mostra a experiência dolorida e transcendental de ser mãe. Esse filme é perfeito e eu amo a forma inteligente que usam alienígenas para falar sobre a coisa mais humana de todas que é ter um filho! Ainda tem Amy Adams e Jeremy Renner, ou seja, ele é TUDO!
5 – A Escolha de Sofia
Quebra clima total de Dia das Mães, esse é um filme longo, que na primeira hora você não vê o drama dilacerador chegando. Escolha de Sofia está nessa lista para ilustrar o extremo das dificuldades da maternidade, feridas que nunca cicatrizando e nunca são superadas. Filme que deu Oscar a rainha Maryl Streep em 1982, retrata a realidade surreal que a guerra dos homens colocam sob as mulheres, e o inimaginável que elas fazem para proteger seus filhos. Separe um pacote de lencinhos, e reflita sobre os traumas a que são submetidas as mães e os filhos e como a vida das mulheres não é tão simples como elas fazem aparecer por traz de simpatia e sorrisos.
6 – Três Anúncios para um Crime
Esse é um filme dedicado às mães que perderam suas filhas, uma das coisas mais difíceis de se superar. Mildred (Frances McDormand) teve a filha assassinada de modo brutal e não consegue ter paz até que justiça seja feita. Com o passar da história vemos uma mãe afogada em culpa e remorso, esquecendo a própria vida e se perdendo no meio de um sentimento avassalador de impotência diante do ocorrido. O filme retrata a maternidade de forma atípica para padrões hollywoodianos e banhada em realismo, da relação conflituosa de mãe e filha adolescente, da falta de demonstrar o amor e do vazio que fica com a partida. O longa é excelente, com temas polêmicos e pesados, e traz a crueza de ter uma filha arrancada de forma brutal, um filme impossível de não sair refletindo sobre atitudes e relações.
7 – Um Senhor Estagiário
Um respiro em meio a tanta tragédia, Um Senhor Estagiário aborda a vida de uma mãe jovem que tem sua empresa e carreira ascendendo exponencialmente. Dona de uma startup de sucesso, Jules (Anne Hathaway) trabalha muitas e muitas horas por dia, vivendo o seu momento profissionalmente, mas que a faz ficar afastada da sua filha pequena e marido. Colocada no clássico papel de sentir culpa em relação a sua ausência em casa (a qual ela sustenta e está vivendo seu sonho), Jules fica dividida em vender sua paixão, a empresa, em prol de ter mais tempo para a família – e é incentivada pelo marido que tem sua masculinidade um pouco abalada pelo sucesso da esposa – para a surpresa de ninguém. A pressão sob Jules e a injusta posição de ter que escolher entre carreira e família levanta um debate atual e mostra que mulheres podem ser empreendedoras poderosas e mães! E Ben (Robert De Niro), o estagiário idoso, a ajuda a conciliar e entender isso. Um filme super fofinho, leve e divertido!
8 – Tudo Sobre Minha Mãe
Provavelmente o filme mais louco dessa lista, esta não seria completa sem a presença de Amodóvar, o rei dos longas de maternidade bizarros. Escolhido para representá-lo aqui, esse é um de seus projetos mais leve e traz a história de Manuela (Cecília Roth), mãe que perde o filho atropelado no seu aniversário de 17 anos. Alternando entre o presente e o passado, o filme retrata uma mãe perdida, que busca o pai de seu falecido filho e, no meio disso, entra em aventuras inimagináveis, indo para Barcelona, conhecendo a atriz que o filho amava, uma freira prestes a partir para El Salvador – no caso, Penelope Cruz – e fazendo amizade com uma travesti. A história ilustra uma mãe que resolveu sair da sua zona de conforto e seguir as orientações do filho após perde-lo, é uma aventura louca, muito intrigante e alterna entre o irônico, pesado e hilário com a maestria de Amodóvar. Vale super a pena para conhecer o trabalho do cineastra.
9 – Minhas Mães e Meu Pai
Abalando a família tradicional brasileira, Minhas Mães e Meu Pai (essa tradução horrorosa de The Kids Are Alright) retrata uma família composta por duas mães e seus filhos. A rotina deles é estremecida quando os dois resolvem ir atrás de seu pai biológico, o doador. Eu adoro esse filme, apesar de discordar da forma como a história é conduzida, e é um ótimo representante LGBT+ nessa lista! O elenco é maravilhoso, com Mark Ruffalo, Julianne Moore, Josh Hutcherson e mais. Um filme fofo para você se desconstruir ou fugir da heteronormatividade e da constante de homens desapontando da lista, se bem que desse último ainda não vai ter como haha. Um filme que mostra duas mães lidando com seus filhos querendo descobrir quem é o pai e o romance das duas acomodado.
10 – Awake A Vida por um Fio
Esse é um filme sobre o extremo do sexto sentido materno. Nele vamos acompanhar a história de Clay (Hayden Christensen) um jovem que está passando por uma operação delicada, com a esposa como parte da equipe médica. Porém, a mãe do garoto nunca gostou muito de Sam (Jessica Alba), e da forma como o relacionamento dos dois foi evoluindo e as circunstancias que o levaram a sala cirúrgica. Durante a cirurgia, a mãe de Clay fica apreensiva, e, com razão, pois descobrimos que o garoto acordou no meio do procedimento e está vivendo horas de horror em uma experiência transcendental. O filme mostra o instinto materno e tudo que a mãe está disposta a fazer pelo bem do seu filho, o verdadeiro significado de amor incondicional, é um belo clichê, na real. É uma história super dramática e angustiante, e foi uma sugestão da minha própria mãe haha.
11 – Pontes de Madison
Um clássico estrelado por Meryl Streep e Clint Eastwood, Pontes de Madison é um tapa na cara sobre todos os sacrifícios que o modelo da família tradicional obriga as mães a fazerem. Nele, vamos acompanhar Francesca, uma mãe que vive em função da família até que esta vai fazer uma viagem e ela opta por ficar em casa, conhecendo, nesse meio tempo, Robert Kincaid, um fotografo da National Geographic. Os dois se apaixonam e vivem um intenso romance, até este ser confrontado com a realidade de Francesca. Um excelente filme de romance, que traz uma mãe apagada na rotina da família a viver sua história, no protagonismo de sua aventura e a conhecer um homem que a valoriza. Para lembrar tudo que uma mãe abre mão pela família e que ela ainda é uma mulher com sonhos e desejos. É uma história linda de amor e que parte o coração.
12 – Para Sempre, Alice
Chegando ao fim da nossa lista (finalmente), um filme que troca os papéis de quem cuida de quem. Alice (Julianne Moore), professora especialista em linguística de Havard, descobre que sofre de uma rara condição de Alzheimer precoce, o que muda o curso de sua vida para sempre. Quem já conviveu com a doença sabe como é chocante e de partir o coração o que ela faz com as vítimas, e o inevitável ponto que leva o paciente a perder sua autonomia. Em Para Sempre, Alice, vemos uma mãe ativa e renomada ir se tornando dependente e indefesa com o avanço da doença, tendo que recorrer a ajuda dos filhos para fazer tarefas básicas do dia. O filme aborda a relação mãe e filhos e como a doença pode alterar essa dinâmica, evidenciando que o elo mais forte, o materno, é o alicerce familiar e quando este é enfraquecido, tudo tende a desandar. Uma história que mostra que mães são seres humanos, frágeis e que, eventualmente, teremos que ter o cuidado e carinho especial com elas, como tiveram quando eramos crianças.
E vocês, tem alguma recomendação de filmes sobre mães? Deixa aqui nos comentários! E um Feliz Dia das Mães para esses seres humanos extraordinários!