Esse blog surgiu com um texto sobre o Homem Aranha há cerca de um ano e meio atrás. Na ocasião eu tinha acabado de assistir De Volta ao Lar e estava mega empolgada com o terceiro reboot do herói nos cinemas. Muita coisa mudou de lá para cá, mas, depois de assistir à Homem Aranha no Aranhaverso, eu posso dizer que algo permanece o mesmo: O teioso desperta sempre o melhor em mim.
Essa vai ser uma resenha muito pessoal – e provavelmente grande (mas isso é normal por aqui rs). Então, vamos começar do começo: do que se trata esse filme? Em um universo alternativo, vive Miles Morales, nosso protagonista e pessoa picada pela aranha radioativa. Wilson Fisk matou o Homem Aranha (Peter Parker) e está forçando a barra de uma tecnologia para buscar em outra dimensão sua família, que está morta na sua realidade. Obviamente as coisas dão errado, e vários “Homens Aranhas” de outras dimensões acabam indo parar nessa: na do Miles e Fisk. Todos se juntam para destruir essa máquina do mal e conseguirem voltar para suas realidades respectivas. Enquanto isso, Miles está ali lidando com os recém poderes de aranha e conhecendo seus equivalentes em outras dimensões.
Confuso? Poderia ser, mas o roteiro do filme é muito eficiente em ilustrar a situação e explicar tudo de uma forma dinâmica e orgânica, ou seja, dá para entender tranquilamente e não fica uma explicação cientifica enfadonha. Eu amo essa coisa de multiverso/choque de dimensões e o longa trabalha tudo isso de uma forma brilhante. O universo do Miles é levemente diferente do nosso, e tudo é criado com muitos detalhes e capricho, o mundo é bem construído assim como todos os personagens.
Existem seis “pessoas picadas pela aranha radioativa” e todos tem a sua função definida, a sua individualidade e personalidade. A introdução é precisa e sucinta, além de muito criativa, e o expectador consegue criar uma conexão com cada um. Outro ponto da animação que merece ser exaltado é que cada personagem (aranha) tem o seu próprio traço artístico (estilo estético), e isso ajuda a caracterizá-lo e cria uma dinâmica única com o todo – e fica orgânico dentro do longa. Não apenas os heróis são bem apresentados, como todos os demais personagens – principalmente a família do Miles.
O nosso protagonista é um show à parte. O trabalho de construção e desenvolvimento de personagem que realizaram com o Miles Morales é surreal! Primeiro, ele é um homem aranha negro – e essa representatividade fala por si só, mas ele vai além. Ele não é criado a partir de um estereótipo, ele é complexo, tem camadas, um background definido e rompe com alguns paradigmas, mas que abraça a cultura negra, seja nas roupas, na música, na arte. Miles é carismático, divertido e cria um elo com o expectador que torna muito fácil se relacionar com suas questões. É lindo ver isso acontecendo e, principalmente, vendo a repercussão que isso tem nas crianças que podem se enxergar nesse herói.
Além disso, o filme ainda é uma chuva de referências aos outros longas do Aranha e aos próprios quadrinhos. É muito divertido, e significativo para você que é meio obcecado com o herói como eu hihi, identificar essas brincadeiras e homenagens. As referências aos gibis vão além das histórias e se encontram também na animação – que é perfeita sem defeitos. Existem momentos que a tela vira uma grande página de HQ com quadros e onomatopeias, e o próprio ritmo tem alusão a esse formato.
Eu assisti ao filme em 3D e, apesar de normalmente achar um grande nada, com Aranhaverso a experiência foi muito mais imersiva e encantadora. Eu fiquei vidrada na tela do começo ao fim – a animação te convida, tem umas cores desesperadoramente lindas e ajuda a contar a histórias – os estilos diferentes, a sensação de, às vezes, a cor sair do traço, os enquadramentos: nada está ali atoa. É um espetáculo visual!
O filme é sim mais uma história de origem, sim, – porém pouco convencional. Ele vai além de uma aventura maluca no multiverso com pessoas aranhas, tem conteúdo que fala com todo mundo, independentemente da idade e da conexão com o super herói.
Uma das mensagens principais do filme é de que você não está sozinho – não é o único passando por determinada situação. Como eu disse, estamos acompanhando a história de origem do Miles, que acabou de adquirir seus poderes, é um adolescente cheio de conflitos entrando num mundo sombrio de vilões. É natural diante desse cenário se sentir sozinho e incompreendido, mas ele não está – todos os outros aranhas de outras dimensões passaram por uma situação parecida, e estão ali para ajudar e apoiar o mocinho.
A história do Homem Aranha é uma história de perda, culpa, trauma – e isso une os personagens, eles se entendem na sua dor, nas escolhas difíceis que tiveram que enfrentar. E o circulo de união e proteção que eles colocam o Miles é lindo! É uma mensagem que se sobressai no filme e mostra, principalmente para os adolescentes, que existem outras pessoas como você. Pessoas diferentes, pessoas que sofreram algum trauma parecido, pessoas que também tem dificuldade em lidar com alguns assuntos, enfim, evidencia que você não está sozinho e que você não precisa enfrentar as situações difíceis sozinho também! A família do Miles também é incrível no meio dessa mensagem, e a relação dele com os pais é construída de uma forma honesta e muito fofa.
No meio disso tudo, outro ponto que eu achei muito bonito foi como o Miles encontra a sua identidade no grupo. Ele não tenta ser igual ao Peter Parker, ou igual a outra pessoa – ele é autentico, e nessa confusão toda encontra a sua própria voz, a sua própria versão do Homem Aranha, e o grupo incentiva isso nele. Ou seja, no final existe um grande amadurecimento do personagem + um grupo de amizades e amor, nada poderia ser mais incrível do que isso!
Além disso, o longa bate bastante na tecla de que “qualquer um pode ser o homem aranha”. Essa é, inclusive a minha cena favorita do filme – que me arrancou lágrimas e um despertar mental haha. Uma das coisas que eu mais admirei no Miles foi o seu senso de propósito. Desde o momento que ele se vê sendo o Homem Aranha, ele decide ser um herói. Ele não espera um convite, um traje perfeito, saber manusear seus poderes – Ele simplesmente vai improvisando, errando, aprendendo e pronto.
O que o Miles me mostrou – assim como o tio Stan na loja de fantasias – foi que a gente já tem dentro de nós o que é preciso para seguir nosso propósito, para sermos heróis e mudar nossa realidade. Evolução faz parte do processo. E eu vejo, hoje, que é isso que significa que “qualquer um pode ser o homem aranha”. É uma cena belíssima e uma homenagem brilhante a pessoa que deu o primeiro passo e teve a ideia incrível de fazer uma rapaz ser picado por uma aranha haha.
O que posso dizer depois de tudo isso é que: Homem Aranha no Aranhaverso é perfeito! Ele é um filme riquíssimo, divertido, feito para todas as idades e para quem é fã ou não de super heróis. Ele vai além do gênero e traz uma representatividade importante e muito bem construída, com uma história linda de aventura, amizade, família e amadurecimento. Não é à toa que está ganhando todos os prêmios! É um encanto para os olhos e para o coração – já um dos melhores filmes do ano (em janeiro).
3 respostas para “Homem Aranha no Aranhaverso – Crítica”
[…] já está na fase filmes teen, céus) que contracena com Shameik Moore a voz de Miles Morales em Aranhaverso!! O núcleo dos dois é o mais fofo e complexo com dilemas reais que envolvem família e solidão. […]
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[…] do multiverso. Enquanto muitas pessoas estavam esperando uma reunião de Peters Parkers, depois de Aranhaverso, a última coisa que eu gostaria de ver era o núcleo do Tom Holland envolvido nisso. Graças a […]
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[…] do multiverso. Enquanto muitas pessoas estavam esperando uma reunião de Peters Parkers, depois de Aranhaverso, a última coisa que eu gostaria de ver era o núcleo do Tom Holland envolvido nisso. Graças a […]
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