Sierra Burgess é uma Loser mostra uma adolescência complexa e real – com um filtro de fofura

Filmes Teens são importantes e influentes e, por muito tempo, vimos mensagens complicadas em meio a longas que amamos. Parece que esse legado está chegando ao fim, e agora temos um novo queridinho que fala sobre amor, amizade e autoaceitação de uma forma delicada, inocente e muito divertida!

Sierra Burgess é uma Loser é a nova romcom teen da Netflix que chega na sequência de Para Todos Garotos que já Amei, e com o mesmo mocinho sensação: Noah Centineo (pode fazer todos os filmes, inclusive), ou seja, as expectativas estavam bem altas e … foram atendidas!! O filme acertada na abordagem, usa uma história clichê, mas corrige os problemas característicos do gênero e ainda é leve, divertida e cativante. Um filme gostoso para deixar aquele quentinho no coração e o dia mais iluminado e descontraído.

No longa vamos acompanhar Sierra, uma mocinha fora do padrão e de boas com a sua aparência, inteligente, estudiosa e divertida. Na escola ela é classificada por Verônica e seu Squad (líderes de torcida, óbvio) como Loser, assim como seu melhor amigo, Dan – que igualmente está nem aí. Um dia, na lanchonete, Jamey (nosso galãzinho) pede o telefone de Verônica, pois claramente tem uma quedinha pela garota. Entretanto, como os amigos de Jamey são losers, a menina acaba passando o telefone de Sierra, como pegadinha. A partir daí, Jamey e Sierra começam a trocar mensagens e a se apaixonarem, porém o mocinho acredita estar falando com Verônica, e Sierra irá alimentar essa ilusão.

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Eu não sei nem pode onde começar a discorrer sobre como esse filme é INCRÍVEL. Primeiro, Sierra é vivida por Shannon Purser, e você a conhece como BARB de Stranger Things, ou como Ethel de Riverdale! Eu fico imensamente feliz de ver o espaço que a Shannon está conquistando, principalmente porque, além de super carismática e talentosa, ela não é padrão, ela é normal, e representa a maioria das jovens que consomem esses produtos. Ela mostra que elas existem, e que existe sim espaços para essas meninas. Como se isso não fosse suficiente, contamos com Noah Centineo (awwwwwwn)! Os demais atores não deixam a desejar, principalmente Kristine Froseth (Verônica) e RJ Cyler (Dan).

O filme é quase um episódio de Catfish com um filtro Disney, ou seja, perfeito! O modo como eles trabalham a autoestima de Sierra é muito interessante, porque não é sobre um sentimento só, mas um misto. O que vai levando nossa protagonista a se embolar nessa mentira não é exclusivamente não ser gostosa como o mocinho imagina que ela seja, apesar de isso ser o que está na superfície. Durante o longa percebemos como ela está com dificuldade em melhorar seu currículo para a faculdade, em lidar com os pais reconhecidíssimos, suas amizades estão mudando, e ela ainda precisa descobrir seu propósito – e, no meio disso, surge um romance. Ser adolescente é ter um misto de emoções e não saber lidar com elas e o filme consegue trabalhar esse sentimento.

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E não apenas Sierra é desenvolvida, mas Verônica e Jamey também, e quebrando estereótipos como nossa protagonista. Verônica não é a típica bitch líder de torcida, ela é uma adolescente improvisando e reagindo ao seu ambiente, exatamente como Sierra (e como todos). Nós temos a oportunidade de conhece-la melhor, de entender porque ela age de certas maneiras – Verônica tem seu próprio arco, que é tão interessante quanto de Sierra. Ela não é uma vilã, porque o filme não tem vilão e isso é DEMAIS! Sem rivalidade feminina, sem briga por macho, mas com sororidade e parceira. E eu SURTO com amizades de mulheres em filmes, no longa, essa narrativa é tão interessante quanto romance (e o arco é igualmente trabalhado).

Ainda na onda de amizades, temos Dan, o melhor amigo de Sierra. Eu não consegui entender a sexualidade dele, mas eu tendi para bissexual (eu posso ter inventado na minha cabeça), mas o importante é que ele gosta de meninas, Sierra gosta de meninos, mas os dois são amigos, e SÓ! Não é o estereótipo do melhor amigo gay ou o “sem querer descobrimos estar apaixonados”. E a amizade dos dois é muito legal, engraçada e de cumplicidade. Dan é claramente um alivio cômico, mas com conteúdo! Em relação ao Jamey, além de também possuir um arco e um desenvolvimento, ele também é uma quebra de estereótipos – quarterback que não é popular. Esse jogo do filme com clichês (ao mesmo tempo que abraça, quebra) deixa a trama intrigante.

Além disso, o filme consegue inserir de forma natural e competente as tecnologias atuais. Momentos como a troca de mensagens entre Sierra e Jamey são, ao mesmo tempo, fofo e muito tenso. O modo como eles digitam e apagam a mensagem inúmeras vezes, sempre procurando as palavras certas, ou quando mandam algo “uau” e ficam suando esperando a resposta é transmitido com uma intimidade e verdade que se torna impossível ao expectador não compactuar com os sentimentos. Ainda temos as engraçadas selfies de Jamey, o uso cruel das redes sociais. Tudo isso é inserido no cotidiano de forma natural e que funciona! Ótimo trabalho de direção.

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A questão da autoestima de Sierra é trabalhada de um forma complexa. A menina não é vaidosa e está a vontade dessa maneira, até todo esse acontecimento com o garoto e as expectativas dele diante do corpo dela. Nós percebemos o conflito entre “eu estou confortável dessa forma” e o “mas e se ninguém gostar de mim assim”. Somado a isso, temos uma menina que é excelente em tudo, fala mil idiomas, inteligentíssima, mas que aparentemente não é suficiente para a faculdade que quer entrar – o que abala a autoestima de qualquer um, porque ela não é só sobre corpo, mas sobre intelecto também. Para piorar, seus pais são lindos e reconhecidos, e tem toda aquela crise de acreditar não estar atendendo as expectativas, porque a régua de comparação parece estar sempre muito alta. Sierra é puro conflito, e por isso é compreensível as péssimas decisões que a protagonista vai tomando – na adolescência parece que a gente não sabe decidir nada muito bem haha.

Sierra Burgess é uma comédia romântica com uma adolescência romantizada sim, mas também consegue conversar com uma honestidade meiga que poucos conseguem. Ela é inocente, mas forte e convicta de sua mensagem, com um roteiro redondo, personagens muito bem desenvolvidos e arcos dramáticos complexos. É um filme que fala essencialmente sobre ver o outro – que mensagem linda – e traz a luz a importância da amizade! Com um elenco diverso, muito bom e competente, o longa é um excesso de carisma e impossível de não assistir com um sorriso quentinho.

Audiovisual é entretenimento, mas não é só isso. As mensagens que os filmes passam, principalmente as das camadas mais profundas, são um reflexo da nossa sociedade, do inconsciente dela. A sociedade em Sierra Burgess é diversa, espirituosa e respeitosa, e é isso que quero ver mais nos filmes. É possível contar uma história que a mocinha protagonista aceite seu corpo fora do padrão, que meninas não se odeiem e briguem por rapazes e que as pessoas não são escrotas, elas só erram e são inseguras – como todo mundo. Parabéns Lindsey Beer pela história delicada e forte! Afinal, a pressão da adolescência vai além de garotos, não é mesmo?

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