Uma aventura épica e atrapalhada no espaço – e isso é só o começo!

Uma animação muito fofa e colorida, repleta de sangue e palavrões. Uma nave que carrega um prisioneiro que enfrenta batalhas estelares e sai em missões de resgate. Final Space tem tudo isso, e ainda muita comédia, algumas vinganças e, até viagem no tempo. Uma série de animação completa, que não tem como você sair indiferente.

Final Space começa com Gary Goodspeed flutuando no espaço em meio a corpos e escombros, conversando com H.U.E, a inteligências artificial de sua nave, na qual dá a ele a péssima notícia de sua morte iminente. A partir daí, voltamos alguns dias no passado e vamos tentar entender ao longo da série, como que fomos parar nesse ponto e o que levou o protagonista a esse fatídico destino.

Gary Goodspeed está a poucos dias de cumprir sua pena a bordo da Galaxy One (uma prisão na qual vive sozinho e trabalha consertando satélites) e ter sua almejada liberdade e poder comer os cookies da vending machine, finalmente. Ele foi preso há 5 anos após explodir uma frota de naves do governo na tentativa de impressionar Quinn, uma garota militar badass e incrível. E sim, Gary é essa pessoa: sem noção alguma! Num dos reparos que realiza ao longo da galáxia, ele conhece uma criaturinha verdade e fofuxa a qual dá o nome de Mooncake! Mal sabe Gary que essa criaturinha, na verdade, se chama E-351 e é extremamente perigosa e está sendo perseguida por caçadores de recompensa em nome do Lord Commander.

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Por muito tempo as animações foram tidas como “coisa de criança”, especialmente na cultura ocidental, e, quando atingimos certa idade simplesmente as excluímos da nossa vida. Final Space não é para crianças, apesar de ser super colorida e com traço fofíneo, ela é violenta, cheia de sangue, palavrões e piadas americanas. A série nasceu originalmente do canal de youtube de Olan Rogers, criador (da série) e dublador de Gary, Mooncake e Tribore, e acredito que grande parte do investimento obtido e da oportunidade de realização dessa obra se deu graças aos recentes sucessos de outros produtos nesse nicho, especialmente Rick and Morty – e ainda bem, queremos mais.

Apesar de estar sendo tratada como original da Netflix, Final Space foi produzida e exibida pela TBS nos Estados Unidos em fevereiro. Ela conta com 10 episódios de 22 minutos e é preciso um pouco de autocontrole para não acabar com tudo de uma vez! Logo no primeiro episódio já ficamos apaixonados por Mooncake, que é uma gracinha e adora abraçar rostos (awn), mas existe muito mais a ser contado além dos seus típicos “Chookity”. A série é uma mistura de Sci-Fi com space opera, drama e comédia, deixando o expectador com um misto de sentimentos, que incomoda, mas num bom sentido. Flutuamos entre risos e tensões, chegando a temer pela vida dos personagens, o que é raro nesse formato. A animação tem cenas de ações incríveis, muito bem pensadas e executadas, que enchem os olhos e deixam vários filmes live action do gênero para trás.

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Os personagens são a força motriz de Final Space. Gary é irritante, iludido, meio babaca e não sabe a hora de parar – e levemente trapaceiro. No começo ele carrega o título de protagonista mais irritante possível de um seriado. É só com o decorrer dos episódios que vamos conhecendo mais sobre ele, seus traumas do passado, seu enorme coração e lealdade. Quinn é justamente o outro extremo. Uma garota focada, determinada a salvar o seu planeta custe o que custar, integra e correta, cabeça dura, um pouco insensível e egoísta em sua missão. Avocato é um caçador de recompensas com cabeça de gatinho e, pessoalmente, meu personagem preferido, que está tentando salvar seu filho, Little Cato, das garras do Lord Commander.

Ah… o Lord Commander, um vilão vilanesco, porém super fascinante – durante a maior parte do tempo não sabemos se, de fato, devemos leva-lo a sério. O personagem é um clichê ambulante, cheio de planos malignos, porém é justamente aí que mora a sua parte mais intrigante, na qual é capaz de surpreender o expectador. E, claro, é dublado por David Tennant (alerta fangirl), e o trabalho de voz que ele realiza no papel é simplesmente fantástico – e foi por isso que assisti em inglês, mas a voz do Gary é HILÁRIA, cheia de drama, parece um locutor de rádio, eu recomendo muito haha.

Por fim, temos dois alienígenas que simplesmente encantam: Mooncake, que, apesar de falar palavras incompreensíveis é cheio de personalidade e Tribore que protagoniza um dos momentos mais divertidos e eu queria mais dele na série! E dois “robôs” que não poderiam divergir mais nas personalidades: H.U.E. é a inteligência artificial que comanda a nave, é direta, sem rodeios, com uma voz inexpressiva. Em oposição temos KVN (se pronuncia Kevin), um cara CHATO, inconveniente, que está sempre querendo chamar a atenção e entendendo tudo errado.

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Final Space é, além de tudo isso, um poço de referências, daquele tipo que você perde a conta de quantas coisas estão inseridas ali. Partindo do óbvio, a série é um mistura de Star Wars com Star Trek, temperada com Guardiões da Galáxia. Lord Commander é praticamente um Lord Sith. O ritmo da narrativa faz alusão ao Império Contra Ataque, e o que começa como uma aventura travessa e mal entendido acaba se tornando uma jornada épica para salvar a galáxia – entre outros vários pontos. A Guarda Infinita é, basicamente, a Federação Unida dos Planetas, com uniformes e tudo. E é incontestável as semelhanças entre Gary e Peter Quill – e entre os outros guardiões e amigos de Gary, inclusive. Ainda no universo da ficção científica, H.U.E. é uma homenagem ao H.A.L. de 2001 – uma odisseia no espaço e KVN é uma sátira descarada a Kevin Spacey – por ter ações inapropriadas (alô escândalos), ele é constantemente esculachado e ninguém quer dizer ser amigo da criatura. Além disso, Spacey também deu vida a GERTY no filme Lunar, um robozinho cuja função era a mesma de Kevin, não deixar o único habitante da nave ir a loucura.

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Caso você esteja se perguntando se isso atrapalha a narrativa fazendo-a ser apenas um monte de referências desconexas escondendo uma história pobre eu digo: NÃO! Elas são colocadas de forma inteligente, e o roteiro é cheio de ironias, deboches e homenagem ao gênero. A história é cheia de plot twists e decisões corajosas e ousadas. Somado a isso, ela aborda temas sensíveis, como paternidade (Avocato e Little Cato AMO), importância da amizade, aceitação, e como as mulheres são descreditadas no trabalho, não tendo seu devido valor e voz reconhecidos. Tenho ressalvas sobre a representatividade feminina – só tem a Quinn como pode-se notar – então, infelizmente, esse vício problemático do gênero também está representado na animação (e não basta a Quinn ser badass independente, quero mais mulheres!).

A série tem só uma temporada, que termina num momento de tirar o fôlego e deixa muitas perguntas para a segunda que, graças aos deuses, está CONFIRMADA! Eu amo histórias que se passam no espaço, e, combinado a isso uma animação leve, divertida, linda (sério, as cores são encantadoras e deslumbrantes) e com uma história cativante, não tem como resistir. Eu fico grata que as animações estejam perdendo o estigma de infantil, e se expandindo para outros públicos. Eu tenho consumido muito esse formato, e ele tem me surpreendido e despertado uma sensação de conforto que a muito não sentia.

E você, tem assistido a animações? Que tal dar um chance agora com essa recomendação incrível? Hihi.

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