Um nome que me acompanha desde pequena: Zelda … A única coisa que eu sabia é que esse mocinho loiro é o Link, porque Zelda é a princesa – que eventualmente ele tem que ajudar. Agora você não precisa mais ter que jogar para fazer parte desse mundo. Temos mangás pra encantar o coração daqueles que, assim como eu, são péssimos com controles.
O mangá The Legend of Zelda: Ocarina of Time é a novelização do jogo homônimo, lançado em 1998 para o Nintendo 64. É um clássico dos jogos, revolucionou o mercado e foi extremamente elogiado na época, e segue até hoje como um ícone! Aqui, nesse assunto, eu sou leiga em todas as esferas possíveis. Esse foi o primeiro mangá que eu li, eu nunca joguei Zelda, sendo este apenas um elemento conhecido da cultura nerd por minha pessoa. Então você que irá ler essa análise tenha tudo isso em mente haha. E que eu não tenho a menor condição de analisar pela perspectiva do jogo.
Na história iremos acompanhar Link, uma criança que vive na floresta Kokiri e é criada pela grande árvore Deku, protetora do local. Link se sente a parte dos demais kokiris, pois quando nasceu, ele foi o único que não recebeu uma fadinha companheira – coisa que todos os demais têm, e um grupinho de kokiris faz questão de lembra-lo. Certo dia, a paz da floresta é ameaçada quando uma força maligna possui a grande árvore Deku, e, como suas últimas palavras, a árvore confere a Link a missão de encontrar a princesa Zelda e salvar o reino de Hyrule do mal. Durante toda essa aventura, Link vai desvendar segredos do seu passado, desbravar o mundo além da floresta e encontrar seu propósito.
Como o próprio título sugere, essa é uma história que tem viagem no tempo. Então, é dividida em duas partes – Link criança e, depois, jovem adulto. A primeira parte achei melhor estrutura e desenvolvida. Os acontecimentos soaram mais naturais, e a construção foi mais plausível. Por ser o começo, tivemos mais explicações, os personagens foram mais trabalhados, e ainda tinha uma áurea de inocência infantil muito fofa. Tudo era gradativo, e você ia mergulhando nas novidades aos pouquinhos. Nos primeiros capítulos eu estava amando a história, de verdade, envolvida e cativada por todo aquele universo.
Então o primeiro grande quebra clima, para mim, foi quando se encerra o arco da infância. Nesse ponto é um enorme clímax, e você fica ansioso para entender o que aconteceu. Aí o próximo capítulo é um spin off pouco relevante para a trama principal. Eu adorei, de verdade, a historinha extra, mas colocada bem no meio de um dos pontos mais cruciais do enredo principal foi bem chato. Claro que eu poderia ter ali pulado as páginas e voltado para a história, mas prefiro ler as coisas na ordem haha, quebrou total o ritmo, poderia ter posto esse extra ao final – ou inserido no meio da história de uma forma que fizesse sentido.
Contextualizando o que aconteceu. Eu li na edição brasileira lançada pela Panini em janeiro. Nesta edição há a compilação de dois volumes – no original a história se encerra ao final do arco da infância, existe a história extra e aí em outro volume teremos o arco adulto. Porém, acredito que, como já está tudo numa mesma edição, talvez fosse uma sábia decisão colocar o extra no final. Opinião minha como experiência de leitura.
No segundo arco foi quando tudo começou a desandar para mim, e eu acabei me desconectando um pouco da história. A trama começou a ficar muito corrida, e, diversas vezes, a sensação era que a autora estava cansada de escrever a história. Com o Link mais velho, as confusões que o protagonista se envolvia eram mais tensas e perigosas, porém as soluções eram tão simples quanto quando era criança, ou seja, soavam fáceis e rápidas. Eu não temi pelo personagem e nem por ninguém em nenhum momento sequer, o sucesso era previsível e inevitável.
O vilão é extremamente caricato. Sem motivações, a não ser dominar o mundo e instaurar um reino maligno. Ele é bidimensional, sem personalidade, e, na posição de antagonista, muito mal trabalhado. A batalha final, momento alto da história, foi muito chatinha, clichê (mesmo para a época em que originalmente foi escrita), e curta, baseada apenas na força e magia, sem diálogos e aprendizados, nadinha.
E aqui vale mais um contexto. O jogo é inquestionavelmente incrível, e a história é elogiadíssima, mas é outra mídia. Você sendo o Link, controlando sua força, vencendo batalhas, coletando itens e viajando, torna o processo de envolvimento mais forte. O que acho que aconteceu foi que, sem esses momentos de interatividade, apenas colocando resultados positivos, omitindo a grande jornada, prejudicou um pouco o laço com a trama. Talvez fossem necessárias algumas adaptações para suprir essa falta de conectividade. Especialmente no segundo arco.
Outro contexto é que, originalmente, o jogo, e consequentemente a história, foram desenvolvidos para um público infanto-juvenil, e na década de 1990. Isso quer dizer que, para padrões da época, o universo criado realmente era muito impressionante e o vilão superficial não era nenhuma crise narrativa. A viagem no tempo também é bem simplificada, e faz sentido quando analisamos o público e o foco da história.
Entretanto, superando os pontos negativos, eu queria dizer que, para uma primeira experiência definitiva com o reino de Hyrule, eu AMEI! Achei o universo criado simplesmente incrível, adorei as mitologias, as raças e as peculiaridades de cada personagem, tudo é muito rico. Achei as personagens femininas muito legais, bem trabalhadas, importantes e presentes. A princesa Zelda é MARAVILHOSA, na minha cabeça ela era passiva e menos participativa, mas felizmente eu estava muito errada. E Link é um personagem fofo, ingênuo, forte e é fácil de se conectar com ele, e acompanhar suas aventuras. E a fadinha Navi, que o acompanha além dos limites da floresta kokiri é uma gracinha haha. O universo é nota mil, um verdadeiro encanto, realmente bem impressionante e cativante.
No geral, foi uma leitura que eu gostei muito de fazer! Como minha primeira experiência com mangá, eu estava receosa, mas consegui me adaptar muito rapidamente. Os traços ajudam a nos guiar pelos quadrinhos e dão movimento e fluidez. Eu gostei muito da arte, mas tem uns quadrinhos, principalmente nas cenas de ação, que é meio incompreensível, mas nada que prejudique. Visualmente é uma HQ muito bonita!
A edição que li, como já comentei, é a nacional (Perfect Edition), lançada pela Panini no comecinho do ano (2018) e está muito linda. O acabamento é super bonito, o papel é excelente, e as primeiras páginas são coloridas, é lindo (o resto é preto e branco, infelizmente haha, é um lance de publicação de mangás no Japão). O quadrinho tem um total de 384 páginas, com duas histórias extras. É o primeiro de uma coleção que vai ser publicada pela editora. O próximo é Oracle of Seasons, e já está em pré-venda.
Eu li emprestado do meu namorado, que é super fã de The Legend of Zelda, e a minha experiência foi muito mais positiva que a dele com o mangá. Eu, como leiga e entusiasta de entrar neste universo, achei super divertido e adorei. Ele, como conhecedor profundo de Hyrule, muito gamer, não gostou tanto assim. Eu pretendo continuar com os mangás, e ele não (minha fonte acabou 😦 ). Então, apesar dos probleminhas, que relevei bastante por causa dos contextos, eu recomendaria para você que não conhece tanto assim e tem curiosidade sobre esse tão aclamado universo criado pela Nintendo.
Uma resposta para “Estive esperando por você herói do tempo.”
Zelda é sensacional! Pretendo ler também! 🙂
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