Gosta de um humor britânico e umas confusões absurdas? Construir umas teorias loucas durante os episódios? Apresento-lhes uma série que tem tudo isso, e muito mais! Prontx para se apaixonar pelo detetive mais doidinho e cativante da televisão?
Dirk Gently Holistic Detective Agency é uma série muito difícil de explicar, pois grande parte da sua genialidade está nas surpresas que você vai encontrando nos episódios. Mas, de forma resumida, nós temos Todd (Ellijah Wood – SIM É O FRODO!), um jovem adulto fracassado, sem dinheiro, que tem um emprego que não gosta num hotel – frustrado em resumo. Certo dia, que tinha tudo para ser apenas mais um dia em sua pacata rotina de trabalho, ele se depara com a seguinte situação: Um assassinato na suíte máster do hotel em que trabalha, na qual uma pessoa idêntica a ele (e possivelmente ele mesmo) está vestida de forma BIZARRA fugindo da cena do crime. Ele te dificuldade em explicar tudo para a polícia e para o chefe e acaba DEMITIDO! Chegando em casa, uma pessoa aleatória invade sua residência, proclama ser seu amigo e o chama para ser assistente na investigação de um assassinato que ele ainda não sabe qual é. Essa pessoa é Dirk Gently (Samuel Barnett), e Todd involuntariamente se vê no meio dessa investigação.E tudo isso acontece nos primeiros 15 minutos.
Durante toda a primeira temporada, que conta com 8 episódios de cerca de 40 minutos, vamos acompanhar essa investigação, que vai ficando cada vez mais maluca. A série é inspirada no livro homônimo de Douglas Adams, e não sei dizer o nível de fidelidade a obra original, mas, como série, é SENSACIONAL. Produzida pela BBC (rainha das séries), a narrativa tem um ritmo acelerado, dinâmico, e extremamente divertido. Como diz o próprio nome, se trata de uma série investigativa, Dirk é um Detetive Holistico, e essa palavrinha a mais faz TODA diferença. Mas não vai esperando clichês do gênero (apesar de serem muito utilizados de forma satírica), não é um CSI e nem um True Detective, ela tem sua própria personalidade.
A premissa da série, e do próprio Dirk é que “tudo está conectado” (tradução livre de Everything is connected), então, no começo, a série apresenta mil núcleos, que te deixa muito confuso, com vários personagens e parece que nada vai fazer sentido, mas no final, tudo se conecta e é MÁGICO!! E imediatamente você diz “FAZ SENTIDO” e “QUERO VER DE NOVO”. Apesar de ser uma história louca, com os dois pés no realismo fantástico/ficação científica, nós vamos solucionando o caso junto com Dirk e Todd, e ficando tão chocado quanto eles.
A narrativa tem um alto teor irônico e debochado, e a gente vê que ela mesma não se leva a sério, mas ao mesmo tempo é MUITO bem construída. Os personagens principais são de uma complexidade ímpar! Num primeiro momento tudo parece clichê e caricato, mas a cada cena descobrimos mais sobre quem são, suas motivações e seus medos, se tornando impossível não se apaixonar por eles. Além disso, a diversidade é algo muito trabalhada e de forma natural, nada na história é sobre isso, as personagens só estão lá no meio da confusão.
Apesar do plot principal ser a resolução do mistério, a série aborda outros assuntos como a relação maravilhosa e conturbada de Todd e sua irmã Amanda (Hannah Marks), que sofre de pararibulite –uma doença fictícia da série. Temos Farah (Jade Eshete) que é a garota mais Girl Power que você terá o prazer de contemplar na série. E um Núcleo incrível composto por Bart (Fiona Dourif) uma ASSASSINA HOLISTICA (sim, existem vários holísticos como o Dirk, e isso não é uma pessoa normal) e Ken (Mpho Koaho) que formam uma amizade sincera e inesperada. Na minha opinião, a Bart é uma das estrelas do show, e você anseia para ela aparecer, e depois fica meio chocado. E, o mais importante, todos os personagens centrais tem arcos dramáticos desenvolvidos!
A relação e o desenvolvimento da amizade de Todd e Dirk é a coisa mais fofa, sensível e verdadeira da série. Todas as relações interpessoais que vão sendo construídas são de uma delicadeza admirável, e isso ganha a série para mim!! Além de toda a loucura nonsense que já está claro nesse blog que eu amo. E como todo bom nonsense, é esquisito até você entender a crítica social por trás, aí fica genial. Tudo na série funciona: o roteiro que vai dando pistas sutis sobre o caso, não tirando nada da manga e sendo redondo, fechado; a fotografia e direção de arte que deixa tudo com um visual muito bonito, a ótima caracterização, criando toda uma atmosfera única e lúdica para a série, dando personalidade; ótima direção que soube dar o tom certo e construir as camadas de humor, extraindo o melhor dos atores, que entregam um excelente trabalho.
Uma breve explicação do termo HOLISTICO na série. As pessoas holísticas se comunicam, de alguma forma, com o universo. Elas trabalham para ele, digamos assim, atrás do fluxo de energia ou coisas do gênero, que nem elas mesmas entendem. A história dessas pessoas é abordada em paralelo, e se estende para a segunda temporada. Ou seja, o UNIVERSO é quase um personagem agindo nas atitudes e influenciando o desenrolar das histórias e as próprias pessoas – uma briga entre destino e acaso trabalhado na segunda temporada. FANTASTICO!!
A série INFELIZMENTE foi cancelada na segunda temporada que, para mim, mantem a qualidade da primeira. MAS apesar de ter só duas mini temporadas, eu sugiro muito que você dê uma chance de Dirk Gently e seus amigos conquistarem seu coração. É uma série leve (apesar de exigir total atenção), divertida e fofa, com uma pitada de violência. Ela está completinha na Netflix só aguardando o seu play!
Dirk Gently Holistic Detetive Agency não tem o hype que merece, mas isso ainda pode ser corrigido. Se uma pessoa tiver a experiência que eu tive assistindo, já vai ter valido a pena todo esse texto. E, se alguém assistir/tiver assistido, vamos hiperventilar juntos sobre o assunto haha.